Astrologia na Cultura Nerd e Geek: símbolos, arquétipos e narrativas
Como a astrologia inspira personagens, enredos e símbolos em animes, games e filmes geeks.
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Autores de diversas mídias, fascinados pelo nosso universo e com bagagem em astrologia, mitologia e ocultismo, encontram no universo nerd/geek - quadrinhos, jogos, literatura, animações e filmes - um terreno fértil para explorar temas como destino, aventura, identidade e poder.
A Astrologia serve à arte não só estética, mas também como estrutura simbólica para personagens, enredos e universos complexos. E se você, assim como nós do Astrolink, também ama cultura pop, vem com a gente entender um pouco sobre a relação entre esses dois universos, em homenagem ao Dia do Orgulho Nerd que acontece mundialmente em 25 de Maio!
Astrologia como sistema de narrativa
Baseada na ideia de que os astros influenciam a vida na Terra, a Astrologia oferece diversos arquétipos - padrões universais de comportamento e personalidade - altamente adaptáveis às narrativas ficcionais. Ela oferece uma linguagem simbólica acessível e inesgotável para a construção de mundos, pois sustenta tanto o microverso quanto o macroverso das histórias para um público aficionado por narrativas complexas e construções de mundo bem fundamentadas.
No microverso, os 12 signos ajudam a criar personagens com perfis psicológicos já carregados de significado e que ressoam com o inconsciente coletivo - Áries como o guerreiro incontrolável; Touro como o paladino de fé inabalável; ou Aquário como o inventor maluco. Assim como em um jogo de Role Playing Game, onde escolhas iniciais na concepção moldam toda a campanha de um personagem, um Mapa Astral revela potenciais e desafios a serem explorados.
No macroverso, os astros falam de temas gerais como destino, livre-arbítrio, equilíbrio cósmico e forças maiores, motivações que guiam os protagonistas em seus desafios - como quando nos referimos a Vênus como o amor ou à Saturno como o tempo. Além disso, como cenário, trânsitos e eventos planetários, como eclipses, oposições e conjunções (ou “alinhamentos”, como os autores de ficção gostam de dizer) fornecem o tempo e ambiente adequados para que histórias aconteçam.
Se os signos ajudam a construir personagens tão marcantes na ficção, imagine o que o seu próprio Mapa Astral pode revelar sobre você. Com ele, é possível compreender melhor seus papéis no mundo, desafios pessoais e potenciais únicos — como se fosse o roteiro cósmico da sua própria jornada.
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A estética astrológica na arte geek
Glifos, animais de poder, constelações, planetas e mandalas fornecem uma iconografia belíssima, que aparece com frequência em armaduras, emblemas, tatuagens, artefatos mágicos e cenários dessas obras. Essa estética é, também, funcional: remete, sem esforço, a uma sensação de que há algo maior presente, envolto em mistério e magia, reforçando a atmosfera épica e fantástica que muitas dessas histórias buscam construir.
Como exemplos nas produções geek, podemos citar mangás populares dos anos 90 como o óbvio Cavaleiros do Zodíaco, onde as armaduras metálicas são gravadas com símbolos do zodíaco e cenas no céu noturno iluminado por constelações são constantes. Em Sailor Moon, cada guerreira usa cores, glifos e poderes que remetem diretamente ao planeta que as fortalece. A arte de Sakura Card Captors é repleta de círculos e mandalas astrológicas combinados à estética do Tarot.
A Jornada do Herói
A popular estrutura narrativa de ficção chamada Jornada do Herói (descrita pelo escritor Joseph Campbell em 1949) é usada em inúmeras obras geeks, como as grandes séries literárias Harry Potter e O Senhor dos Anéis e os populares animes One Piece e Naruto. A jornada heroica se desenrola em etapas simbólicas - um protagonista chamado à aventura, o auxílio de um mentor, provações, mortes simbólicas através de derrotas e renascimento transformado - eventos que, para os entusiastas da astrologia, existem para todas as pessoas e são despertados por movimentos planetários.
Essas duas linhas de raciocínio propõem o desenvolvimento interior à partir da conexão com forças maiores, onde o indivíduo não apenas vive uma história, mas cumpre um destino. O herói, um espelho do leitor, também enfrenta ciclos de mudança e busca sentido e missão de vida (caminhando em direção ao seu Meio do Céu) em meio ao caos.
Muitos enredos de ficção confrontam o tempo humano com o tempo cósmico, falando de profecias, aeons, abertura de portais e outros momentos especiais em que o herói deve agir. Esses elementos reforçam a ideia de que há um “tempo certo” para cada coisa - uma noção compartilhada pela astrologia. Acreditamos que devemos aprender a navegar entre momentos de fluxo e refluxo, aproveitando oportunidades pontuais de crescimento.
Paralelos entre obras geek e Astrologia
Embora nem tantas obras usem os signos e astros como tema principal, assim como ocorre em Cavaleiros do Zodíaco, conceitos paralelos podem ser encontrados em diversas obras populares do universo geek. Inúmeros títulos fazem referências indiretas à Astrologia, usando mitologia greco-romana (como a série literária Percy Jackson e a franquia de jogos God of War); religião (como nos mangás Hellsing e Angel Sanctuary); filosofia e psicologia (como no anime Evangelion e na série Dark); e ocultismo (como nos RPGs de mesa Mago: A Ascensão e Ars Magica).
Para você curtir essas obras de uma forma diferente, trouxemos curiosidades e sugestões de como interpretá-las pelas lentes da Astrologia. E, se você perceber algo que não sabíamos sobre elas, não deixe de nos contar!
Final Fantasy
A franquia de jogos Final Fantasy, apresenta sistemas, magias e criaturas claramente associadas aos signos do zodíaco. Em Tactics, personagens possuem signos que afetam suas relações e seu desempenho em combate. Cada um dos 13 Espers representa um signo e usa seu elemento correspondente (como Mateus para Peixes e Água, Hashmal para Virgem e Terra). Suas histórias dialogam com os arquétipos dos signos, mostrando uma releitura criativa da astrologia dentro do jogo, especialmente com a inclusão de Zodiark, (ligado ao polêmico 13 signo), como um personagem que existe, porém se mantém fora da rebelião contra os deuses.
Star Wars
A saga Star Wars é repleta de elementos que dialogam com a astrologia, desde a estética espacial até a construção arquetípica, onde a narrativa sobre Luke Skywalker é um clássico exemplo da Jornada do Herói. A Força, energia que equilibra luz e sombra, é a conexão inevitável entre o indivíduo e o universo. Essa dualidade constante é uma boa metáfora para compreender o cabo-de-guerra entre eixos opostos do zodíaco (como Leão/Aquário ou Touro/Escorpião), sugerindo equilíbrio entre o individual e o coletivo como chave para a paz.
Matrix
Em Matrix temos realidades múltiplas, ciclos de despertar e um “escolhido” que cumpre um destino. A jornada de Neo pode ser interpretada como uma metáfora para o despertar espiritual. Reinicializações do sistema e retornos ao ponto de origem remetem aos ciclos planetários e às grandes conjunções, que na astrologia marcam momentos de ruptura e renovação. A presença de arquétipos fortes, como o Oráculo (personagem empática que fala por enigmas, ligada a netuno), Morpheus (o mentor plutoniano que guia Neo pela morte e renascimento) e Agente Smith (a atitude saturnina de manutenção do status quo), reforça a possibilidade da leitura astrológica.
Filmes da Marvel (MCU)
Assim como em Matrix, o universo Marvel incorpora a caracterização arquetípica dos heróis e da escala de suas narrativas. Personagens como Thor e Loki podem ser facilmente identificados pelas atitudes jupiterianas e mercuriais. Narrativas da série Vingadores como Guerra Infinita e Ultimato falam da busca por um equilíbrio cósmico, algo central na astrologia ocidental e sua interpretação sobre a inclinação do eixo da Terra. A luta entre ordem e caos como instituições além do indivíduo também pode ser lida como a dinâmica entre planetas benéficos e maléficos ao se aspectarem no céu.
Literatura de H.P. Lovecraft
Embora Lovecraft se declarasse cético, sua obra de terror usa uma cosmologia que flerta com o imaginário astrológico e ocultista. Os Grandes Antigos, como Cthulhu ou Nyarlathotep, não são apenas monstros malignos: são entidades inexplicáveis que influenciam o mundo a partir das estrelas, evocando o medo do desconhecido ligado ao espaço, ao oceano e tudo o que é vasto demais para a compreensão humana. Há também o tempo cíclico, os alinhamentos estelares necessários para o retorno dessas entidades e a pequenez do ser humano diante do universo - temas inconfundivelmente astrológicos. A ideia de que certas eras trariam de volta forças ancestrais conecta o terror lovecraftiano com uma leitura sobre os ciclos dos planetas geracionais pelas lentes do pessimismo.
Em tempos onde a cultura pop dialoga com cada vez mais liberdade com espiritualidade e autoconhecimento, a astrologia segue viva e reinventada, camuflada em super poderes, seres mitológicos e profecias milenares. A fusão entre real e o fantástico faz do universo geek um espaço poderoso para a astrologia florescer - não como crença, mas como ferramenta criativa, estética e simbólica de profunda conexão entre personagem e universo.